Não há tema esgotado em literatura. "O museu da inocência", de Orhan Pamuk, lançado aqui recentemente pela Companhia das Letras, explora com vigor e profundidade o amor como razão de viver. De como pode ser grandioso o amor vivido em sexo e em sua ausência. De como é inútil lutar contra essa potência íntima. Por oito anos e dez meses, Kemal jantou quase todos os dias com a família de sua amada Füsun, então casada com outro. E voltaria àquela casa outros tantos anos, se necessário, para tê-la novamente, mesmo que por um dia. E, por não tê-la, reunia objetos usados ou tocados por ela em um lugar especial para ambos. A esse lugar chamou de "Museu da inocência". Um amor que não permitiu germinar nenhum outro sentimento entre ele e sua amada. Kemal viveu para amar Füsun, algo que contemporaneamente parece escapar ao senso comum como possibilidade real, um romantismo extemporâneo, mas crível. Kemal é um personagem da linhagem do Werther, de Goethe, do arquiteto de "Um amor", de Dino Buzatti. O texto, também. Belo romance, emocionante, verdadeiro.
sábado, 28 de maio de 2011
sexta-feira, 13 de maio de 2011
NOVO LIVRO DE RUY
Pois, então, lá estarei para os devidos brindes aos livros que chegam, aos amigos em volta e a esta vida invernal que insiste em dizer sim.
Vamos todos à Fonte, na próxima terça-feira, 17, beber da melhor poesia e da amizade positiva.
domingo, 8 de maio de 2011
MATERNURA
vem de longínquas noites febris
o hálito doce
o olhar cálido
a mão suave
ternamente pousada em nossa testa
a medir tremores infantis
o rosto vincado pelas dores pressentidas
o coração em descompassadas batidas
o corpo curvado debruçado no leito
o amor remédio a jorrar do peito
vem do berço
do seu toque protetor no silêncio noturno
dos esfregões e cuidados
a energia umbilical
que nos faz eternas crianças
a buscar amparo e cura
no colo sempre morno da infância
nas mais doces lembranças
que a vida nos pode legar:
a ternura materna a nos enlançar
in Matalotagem e outros poemas da viagem, Letras da Bahia, Secult/BA, 2006.
o hálito doce
o olhar cálido
a mão suave
ternamente pousada em nossa testa
a medir tremores infantis
o rosto vincado pelas dores pressentidas
o coração em descompassadas batidas
o corpo curvado debruçado no leito
o amor remédio a jorrar do peito
vem do berço
do seu toque protetor no silêncio noturno
dos esfregões e cuidados
a energia umbilical
que nos faz eternas crianças
a buscar amparo e cura
no colo sempre morno da infância
nas mais doces lembranças
que a vida nos pode legar:
a ternura materna a nos enlançar
in Matalotagem e outros poemas da viagem, Letras da Bahia, Secult/BA, 2006.
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