domingo, 18 de março de 2012

MALDIÇÃO DA LEITURA



Essa forma de arte, da arte da palavra, não cria um ser humano melhor nem o expele do caos em que se encontra. Nem mesmo livros de auto-ajuda presenteiam seus leitores com uma vida mais tranqüila, mais rica de sentido. Isso talvez melhore a conta bancária de alguns autores, mas não resolverá os problemas pessoais, de relacionamento, os traumas, nem os conflitos internos de ninguém. Estamos sozinhos. Os livros são apenas amantes desinteressados.

Talvez a literatura só traga mais caos à vida que já é turbulenta por natureza. Ela não tem nada a ver com seus problemas.



Pequeno trecho de artigo assinado por Homero Gomes, com o título deste post, publicado na edição de Março de 2012, página 11, do jornal de literatura Rascunho, que não adota a nova ortografia de nossa língua portuguesa.


Imagem: Bol Fotos.

sábado, 10 de março de 2012

UM RIO SOTERRADO


Editoria de Arte/Folhapress



Ano que vem, novo balanço nos dará números mais grandiosos que estes acima. E o quadro sofrerá mais uma pincelada de absurdo. Meu prognóstico é baseado em canal semelhante feito no Ceará e que se encontra soterrado pela terrinha sertaneja e pelo descaso das otoridades.

Leia mais no "beiraderiocorrenteza.blogspot.com".


Fonte: Folha On Line, 10.03.12

terça-feira, 6 de março de 2012

MENELAU NO GRANDE SERTÃO



Apareçam lá, no Grande Sertão, na próxima quinta, 08.03, a partir das 19h.

Um aperitivo da literatura de Dênisson Padilha Filho:

E as perguntas eram muitas na cabeça de Davi: Onde estavam os amigos, correligionários de sua família e de seu irmão? Onde estaria agora seu irmão? Pior que ele? Será que capturado? Haveria se rendido? Ou teria trocado tiros até a morte? Onde foi parar, ou como se acabou, da noite pro dia, tudo de prestígio e carisma de que tanto gozaram por toda a vida? Mas é que os homens não são bichos de confiança e, se há algo que, definitivamente, não se pode atribuir a eles é retidão e civilidade; pelo menos, não aos homens daquele vilarejo. Bastava que um alguém — que nunca, sequer, tenha recebido um reles bom-dia na rua — se tornasse capataz do intendente para que sua parentada passasse a ser tratada feito lorde. Ou bastava que nova indicação de intendente ocorresse para que se invertesse o rumo dos rapapés.

Difícil saber, em detalhes, o que houve afinal, já que nem tempo para perguntas lhe restou. Vinha chegando à tardinha do dia anterior ao sossego de sua casa isolada do outro lado da serra, quando um recado lhe alcançou as mãos: “Fuja, Davi! Salve sua pele. Fuja sem olhar pra trás!”. Desistiu de praguejar e de lamentar pra dentro; olhou pro lado e viu Menelau, com quem deveria aprender a ficar quieto, afinal, de nada mais valiam seus ódios e mágoas. Agora era Menelau e ele, a pé.