terça-feira, 30 de abril de 2013

A VOLTA DE QUEM AINDA NÃO FOI

Segunda-feira, dia aziago. Dia de preparos e desconcertos. Ontem foi um desses dias. Idas e vindas, correrias, horários pra cumprir, choques pra tomar na fisioterapia e a bendita instalação da internet, finalmente. 

Os "técnicos" chegaram. Parecia o time do Bahia: um lá, outro cá; um fala, outro não ouve; um indaga, outro não entende; um puxa, outro segura. Abri as duas portas do apartamento para facilitar o desencontro da equipe, não me culpassem por nada depois. E fiquei calado, pois costumo estranhar certas atitudes táticas desmantelosas. 

Negócio trabalhoso, fazendo suar a perfumaria dos rapazes, atiçando a fome e a vontade de logo zarparem do campo de jogo. Aceitei a sugestão (achei prudente aceitar) de colocar o modem na sala etc. Conectaram fios, luzinhas se acenderam e piscaram. Pensei: o jogo tá ficando bonito. 

Pediram meu notebook esmolambado. Programação do modem. Tentativas. Outras tantas. Pediram um palito de dente. Isto mesmo: um palito de dente!!! Eu em silêncio: ainda bem que não foi palito de fósforo, cá não tenho desses. Enfiaram o palito num buraquinho do modem, desprogramou-se o danado (sozinho, claro). Trocaram o modem, enfim. Luzinhas acenderam e piscaram. Modem programado no notebook, ou algo assim. Conexão firmada ad infinitum. Eu esfregando as mãos.

Claro que a internet não foi acessada de imediato. Dali a 40 minutos o sinal seria liberado. Guardei na bochecha o "como assim?", vamos em frente. Papel pra assinar, tudo certo, era só esperar. Duas horas depois, cansei de esperar. Ligações feitas, o remédio era agendar uma visita técnica para o dia seguinte, hoje. 

Então era hora de ir ali, depois acolá, fazer isso e aquilo (PRECISO ENVIAR O IMPOSTO DE RENDA, PORRA!), e encerrar o dia no lançamento de "Cidade singular", novo livro de contos do Mayrant Gallo. Compramos três exemplares e na hora de pagar com o cartão, o golpe final: senha suspensa. Segunda-feira, dia dos enfartos.

Bem, as boas notícias ficaram pra hoje: a senha foi suspensa por precaução bancária, já tenho uma nova. E desta vez tocou hoje a campainha um profissional que corrigiu as merdas feitas no dia anterior pela dupla de armadores do Bahia, e uma hora depois o milagre se fez. Eu, de volta à internet.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

LIVRO DE MAYRANT NA SEGUNDA, DIA 29.04






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A data mudou, local e hora continuam os mesmos. A literatura, cada vez mais qualificada. A oportunidade, imperdível. E eu continuo sem internet em casa, duas semanas.

domingo, 7 de abril de 2013

JUVENTUDE


em paris
queima carros nos arredores
depois filosofa
na margem nublada do rio

na hélade estupidificada
faz tremer o piso de ruas milenares
na sobrevida entre capital e política

n'áfrica, na terra santa,
numa escola americana, no metrô londrino,
na guerrilha covarde do terror
a todo instante mata e morre
por caolhos fuzis e bombas surdas
por algum paraíso distante

na brasílica seara
úmida e embatucada
mata e morre por migalhas
por um breve baile de rua
onde levanta a mão, vai até o chão
e canta ê-ô-ê-ô

talvez isso explique feliciano

quinta-feira, 4 de abril de 2013

A MORTE DE VIRGÍLIO, HERMANN BROCH

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjE_HEr7_Uij7N7xyVwIsMZ08aOJzbsPThO27MiUpdKc2jR9t0x-Sfd0VWIaBton1gSIHpDGnBitg50ZrIpAHRbk2YjI78u_lgW4AevlOsF5VJ_N6zcBQA8FKQSu_DvYdnpaMfSNayQGek/s1600/hbroch6.jpg



[...] Isto, a descoberta do divino por meio do introspectivo conhecimento da própria alma, é a incumbência humana da arte, sua tarefa em prol da humanidade, sua tarefa em prol do saber, e justamente por esse motivo é sua razão de ser, demonstrada mediante a tenebrosa vizinhança da morte, que lhe foi imposta, já que unicamente nessa vizinhança se pode tornar arte genuína, já que somente com esse desígnio a alma humana converte-se em símbolo [...]

[...] e justamente por isso conhecia muito bem os perigos inerentes a toda vocação artística, justamente por isso sabia da intrínseca solidão do homem destinado a ser artista, solidão essa que lhe é inata e o impele à outra, mais profunda, da arte e do mutismo da beleza, e não ignorava que a maioria fracassava em face de tal isolamento [...]


Um livro portentoso que está comigo faz duas semanas. Leio uma página e volto a ler, e marco um trecho, e volto a ler, avançando lentamente junto com o poeta Virgílio em suas últimas horas de vida, na voz de Broch. Quando der por concluída a leitura, volto a falar de "A morte de Virgílio", livro que Marcelo Backes, no posfácio, iguala a "Ulisses", de J. Joyce, e "Grande sertão: veredas", de J. G. Rosa.

Imagem: Bol Fotos, comunidaderesenhaliteraria.blogspot.com