domingo, 19 de julho de 2020

SONETOS REUNIDOS & INÉDITOS, RUY ESPINHEIRA FILHO



     “A literatura não é propriamente antidoto para as misérias da vida, mas ajuda muito na resistência”, é o que nos lembra o poeta Ruy Espinheira Filho, de seu refúgio em Busca Vida, na Grande Salvador. Em pleno período de isolamento social, por conta da Covid19, o poeta baiano entrega aos leitores seu quarto livro de sonetos, “Sonetos Reunidos & Inéditos”, que reúne todos os seus poemas neste formato produzidos entre 1975 e 2020. O livro já se encontra à venda no site da Editora Patuá, editorapatua.com.br, por R$ 40,00. O lançamento tradicional não ocorrerá de imediato, por motivos óbvios, devendo acontecer quando as condições sanitárias permitirem esse tipo de evento presencial.

     Publicar um livro de sonetos não é mais algo comum na cena literária brasileira. “Os livros de sonetos ficaram para trás”, diz Ruy, que tem se mostrado bem produtivo no gênero; mas, “ficaram e não ficaram, pois os bons continuam sendo reeditados e lidos. E, surgindo bons sonetistas, o soneto continuará presente e sempre novo – como é há séculos”, esclarece a seguir. E quando indagamos sobre o futuro próximo, diante da atual pandemia, o poeta recupera os versos de Manuel Bandeira, em “Passado, presente e futuro”, para defini-lo: “O futuro diz o povo que a Deus pertence./ A Deus?... Ora, adeus!” No entanto, Ruy lembra que “literatura é uma arte” e exemplifica sua importância com o ensinamento do poeta alemão Rilke: “Se um dia o mundo se romper sob seus pés, a arte permanecerá existindo independentemente como elemento criador e será a possibilidade meditativa de novos mundos e tempos”.  

     Ruy Espinheira Filho tem aproveitado esses meses de isolamento para novas leituras de clássicos, para trabalhar sua obra junto a editoras e escrever, escrever sempre, escrever crônicas quinzenais que publica no jornal A Tarde, de Salvador, prosa e poemas marcados por um lirismo inconfundível e um olhar crítico e renovado sobre a jornada do ser brasileiro. Bem por isso, em maio passado, Ruy nos brindou pelas redes sociais com uma “Canção em tempo de pandemia”, em cuja abertura refletia: “Dentro do mundo parado/ reexaminamos a vida:/ por que a tornamos assim/ tão infeliz, tão perdida?” E nos adiantou que em breve seu romance “Um rio que corre na lua” merecerá outra edição por uma nova editora, que também encomendou a ele um livro de poemas inédito. No ano dos seus 78 anos de idade, um ano considerado perdido por muitos em decorrência da pandemia em curso, o poeta maior da Bahia produz e publica como nunca, sendo exemplo de amor e dedicação à literatura e a sua obra.