quinta-feira, 16 de setembro de 2021

17 DE SETEMBRO DE 1971

  

   

   
   Dois homens, neste dia, foram assassinados no sertão da Bahia. 

   Dizem que dormiam debaixo de uma braúna. Em riscos de sombra, sob um sol abrasador.

   Mais provável que exangues, desfalecidos.

   Um deles teria se levantado e atirado pedras nos assassinos. Pedras.

   O mais jovem, o nativo, aquele que foi visto carregando nos ombros o companheiro de tribulações.

   Zequinha. Zequinha Barreto.

   Dizem ainda que tentou fugir, depois de atirar pedras, e foi então metralhado.

   O outro recebeu sua cota de balas deitado onde estava. Lamarca.

   Cinquenta anos depois, os dois estão imortalizados em monumento.

   Lá na Pintada, no mesmo local em que foram mortos, tidos como Mártires.

   Enquanto aqueles que os mataram voltam a apontar suas armas na direção da Liberdade.

   Mártires, junto a outros mártires, deles poucos se lembram.

   Amanhã haverá missa na Pintada, junto ao monumento.

   E só?

2 comentários:

  1. Parabéns Carlos, conto lindo, história e poesia juntos 👏🏾👏🏾👏🏾👏🏾!

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  2. Parabéns Carlos, muito bonito esse encontro de história e poesia!

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