sábado, 28 de maio de 2011

O MUSEU DA INOCÊNCIA, ORHAN PAMUK


Não há tema esgotado em literatura. "O museu da inocência", de Orhan Pamuk, lançado aqui recentemente pela Companhia das Letras, explora com vigor e profundidade o amor como razão de viver. De como pode ser grandioso o amor vivido em sexo e em sua ausência. De como é inútil lutar contra essa potência íntima. Por oito anos e dez meses, Kemal jantou quase todos os dias com a família de sua amada Füsun, então casada com outro. E voltaria àquela casa outros tantos anos, se necessário, para tê-la novamente, mesmo que por um dia. E, por não tê-la, reunia objetos usados ou tocados por ela em um lugar especial para ambos. A esse lugar chamou de "Museu da inocência". Um amor que não permitiu germinar nenhum outro sentimento entre ele e sua amada. Kemal viveu para amar Füsun, algo que contemporaneamente parece escapar ao senso comum como possibilidade real, um romantismo extemporâneo, mas crível. Kemal é um personagem da linhagem do Werther, de Goethe, do arquiteto de "Um amor", de Dino Buzatti. O texto, também. Belo romance, emocionante, verdadeiro.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

NOVO LIVRO DE RUY



Sem esta intenção, o novo livro de Ruy Espinheira Filho (Livro de Canções & Inéditos) será lançado, mais o de estreia de Cláudia Barral (O coração da baleia), no dia do meu aniversário, 17 de maio, no Ciranda Café, na rua Fonte do Boi, Rio Vermelho.
Pois, então, lá estarei para os devidos brindes aos livros que chegam, aos amigos em volta e a esta vida invernal que insiste em dizer sim.

Vamos todos à Fonte, na próxima terça-feira, 17, beber da melhor poesia e da amizade positiva.


domingo, 8 de maio de 2011

MATERNURA

vem de longínquas noites febris
o hálito doce
o olhar cálido
a mão suave
ternamente pousada em nossa testa
a medir tremores infantis

o rosto vincado pelas dores pressentidas
o coração em descompassadas batidas
o corpo curvado debruçado no leito
o amor remédio a jorrar do peito

vem do berço
do seu toque protetor no silêncio noturno
dos esfregões e cuidados
a energia umbilical
que nos faz eternas crianças
a buscar amparo e cura
no colo sempre morno da infância
nas mais doces lembranças
que a vida nos pode legar:
a ternura materna a nos enlançar


in Matalotagem e outros poemas da viagem, Letras da Bahia, Secult/BA, 2006.