domingo, 21 de junho de 2015

O GRITO DO MAR NA NOITE, EMMANUEL MIRDAD


     O segundo livro de contos do jornalista, produtor cultural e escritor Emmanuel Mirdad, O grito do mar na noite, terá lançamento no próximo dia 30 de junho, na Confraria do França (rua Lídio Mesquita, 43, perto do colégio Medalha Milagrosa), Rio Vermelho, nesta vetusta Salvador da Bahia. O livro sai pela Via Litterarum, mesma editora que lançou o seu primeiro livro de contos, Abrupta Sede, é dedicado ao escritor baiano Hélio Pólvora, recentemente falecido, e tem posfácio de Mayrant Gallo.
   Baiano de Salvador, nascido em 1980, sócio-diretor da produtora Cali, Mirdad é um dos criadores e coordenadores da Flica - Festa Literária Internacional de Cachoeira, da qual foi curador. O autor de Nostalgia da lama (poesia, Cousa, 2014) e Abrupta Sede (contos, Via Litterarum, 2010), ainda faz da suas como roteirista e compositor.

O grito do mar na noite

     São dez contos reunidos no livro, dez viagens tormentosas, dez estalidos morais, a se multiplicarem pela sensibilidade do leitor. Narrativas hodiernas, prenhes de agitação e desvãos. Personagens que brotam das baladas, da malhação e do estupor da madeira antiga emoldurada pelo cristal líquido. O que rasga o ventre da noite é mais que um grito. Nada mais violento que o abandono familiar, nada mais cruel que o tédio no batidão, nada mais triste que o sexo como solução final, nada mais excitante que uma existência dupla. A dor no final do percurso, a morte no outro lado da linha, o poste a ser beijado na madrugada. Patricinhas, putas e travecos; saradões, empresários e adoentados; aqui nesta Soterópolis reinam todos os circos e palhaços e assassinos, de todos os muitos sexos. Mirdad os reúne em seu livro e revela em detalhes seus fragorosos destinos, nem sempre tristes, nem sempre melancólicos, nem sempre gozosos. Mas sempre como um grito que o vento frio nos traz do mar no meio da noite.       
    

domingo, 14 de junho de 2015

DE UM RECANTO


de um recanto
assoprado
voam partículas
em direção vária
até pousarem
em outro recanto
inda intocado

assim disparam
memórias minhas
brilhantes, anímicas,
que tento reter num canto
até se me escaparem
na silenciosa penumbra
do inacabado