sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

CADA QUAL CUIDE DE SEU ENTERRO

"Impossível não há" é o complemento da frase amadiana em "A morte e a morte de Quincas Berro d'Água", que a Josélia Aguiar utilizou para puxar prosa sobre seu amor pelos livros e pela leitura, na abertura de seu novo blog na Folha de SP, o Livros Etc.

Fiquei com a frase na cabeça por todos esses dias de carnaval. É que Josélia pescou bem o sentido da frase, pois é maior verdade que cabe a cada um de nós cuidar de sua própria vida e que "cuidando de viver, não se morre". Pois, impossível não há, a isso não se pode perder de vista. O Quincas bem o sabia.

Um fiapo de manga preso ao dente. Ia da frase citada ao verso ivético "não me venha com seus problemas", como sumo da baianidade contemporânea, aquela do egoísmo hilário. Ou como bem disse Tom Correia, "da alegria engarrafada".

Eu, que tenho muitos problemas, não me considero, pois, um baiano assim. Sou sertanejo, no sentido mais afetuoso possível. Pois corre em mim um rio de emoção e compaixão humanas. Considero cuidar de outrem um verdadeiro cuidado de si, a doação como ato de autoajuda, a alegria de servir. Cuidar de viver não é, portanto, ato de egoísmo, mas de fraternidade, pois não se morre jamais no coração de quem amamos e acolhemos.

2 comentários:

  1. Também não sou "uma baiana assim": cuidar do outro é mesmo o "verdadeiro cuidado de si".
    Grande abraço, amigo; saudades verdadeiras.

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  2. Carlos, você é massa, te digo baianamente. Massa real, ainda vou mais longe. E olhe que está na cara.
    Um beijo,
    Martha

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