segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

O REI DE AMARELO, ROBERT W. CHAMBERS


DESTINO

     Cheguei à ponte pela qual poucos podem passar.
     - Passe! - gritou o vigia, mas eu ri.
     - Ainda há tempo - retruquei; ele sorriu e fechou os portões.
     À ponte pela qual poucos podem passar chegavam jovens e velhos. Todos foram barrados. Fiquei ali à toa e os contei, até que, cansado do barulho e das lamentações, voltei à ponte pela qual poucos podem passar.
     - Ele chega tarde demais! - gritaram os que estavam na multidão diante dos portões.
     - Ainda há tempo - retruquei.
     - Passe! - gritou o vigia quando entrei; então ele sorriu e fechou os portões.


"Destino" é o quarto fragmento do conto "O paraíso do profeta", que integra o livro "O rei de amarelo", de Robert W. Chambers. Publicado pela Intrínseca, em 2014, com tradução de Edmundo Barreiros e comentado por Carlos Orsi. O texto original data de 1895 e é considerado um marco da literatura fantástica, inspirada em Wilde e Baudelaire, e inspiradora de gerações posteriores de autores da ficção de terror e científica.
"O rei de amarelo" reúne dez contos em duas partes distintas. A primeira, composta por cinco contos, tem como referência o livro fictício do mesmo nome que possuía o condão de escandalizar e mudar para sempre a vida das pessoas que o liam. Citações e personagens se repetem nos contos, criando uma mitologia própria (Carcosa, Harbus, Hali).
O conto "O paraíso do profeta", o sexto da coletânea, é uma reunião de minicontos, ou poemas em prosa, separa as duas partes do livro. A segunda parte é composta por quatro contos, conhecidos como "quarteto das ruas", tendo Paris como cenário.
Leitura impressionante, recomendável.
O exemplar que leio me foi presenteado por Ruy Espinheira Filho, em meu aniversário do ano passado. Ainda há tempo.

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