O texto de
Daniel Galera que saiu na Granta
prometia um grande romance. Que veio acima da expectativa. Barba ensopada de sangue (Companhia das Letras, 2012) não é romance policial como querem alguns.
O crime ocorrido no passado familiar do protagonista inominado apenas motiva
suas buscas. Que no fim das contas não difere daquelas que atormentam a todos
nós. A doença que o impede de reconhecer rostos denuncia a estandardização
contemporânea.
Galera faz lembrar Jonathan Franzen, Junot Diaz e Manuel Vasquez
Montálban: a desagregação familiar como tema, ousadia no narrar, exploração do
que sente o homem diante das exigências endógenas e exógenas. “Não se podem
abandonar os livros nem os cães. Os filhos, sim”, serviria bem como epígrafe. O
estertorar humano em seus diversos papéis e não lugares. Galera não só retomou
sua dicção com esse livro, como disse à Folha
de SP, mas escreveu o romance brasileiro do ano.
Texto publicado em primeira mão na revista eletrônica Verbo21 (verbo21.com.br), edição de dezembro de 2012, na coluna Crítica Rasteira. Publico aqui para movimentar este blogue ancilosado.
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