O verdadeiro negócio das salas de cinema multiplex é a pipoca. Os estúdios cinematográficos viraram bancos - o filme é feito por uma miríade de produtoras. O fim dos discos, a vitória da pirataria (promovida em certos países pela própria indústria fonográfica), o sistema de cotas nacionais como instrumento de censura e regulação de mercado, a vertigem da internet e um zilhão de coisas mais.
A cultura como realidade a ser entendida e não mais como arte a ser julgada.
Não sou nada ingênuo na leitura da mídia, mas "Mainstream" tem conseguido me surpreender a cada capítulo com informações preciosas sobre a formação dos grupos de mídia e produção cultural e seus entrelaçamentos mundo afora. Meio tonto com a constatação de que é humanamente impossível dar conta dos truques e armadilhas que a cultura dominante aplica e espalha em projetos globais. Estou lendo "Mainstream" (já na segunda parte) e senti vontade de dizer aos raros visitantes do blogue que esse é um livro de leitura urgente, atenta e necessária.
Durante cinco anos, o jornalista e pesquisador francês Frédéric Martel fez uma pesquisa de campo em 30 países e entrevistou mais de 1.200 pessoas ligadas à indústria cultural, hoje dominada pelo entrenimento. São números impressionantes. De Hollywood a Bollywood, do Japão a África, da Al-Jazeera à Televisa, com passagens pelo emergente Brasil. E com especial atenção à China, país que decididamente partiu pra disputa de mercados internacionais enquanto preserva o máximo que pode do seu próprio mercado e de sua cultura milenar.
Mainstream - A guerra global das mídias e das culturas, Frédéric Martel, tradução de Clóvis Marques, Civilização Brasileira, 2012.
Foto: Bol Fotos
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