Pode ser muito
longo o caminho para um último Natal em família. Longo e tortuoso, quando
fantasiado no coração de uma mãe. A família representa em As correções a fornalha das sociedades capitalistas:
conservadorismo exacerbado, modo alternativo dissoluto, carências e desencontros
sexuais, uma eterna partida de pôquer.
A guerrilha domiciliar marca
profundamente esse romance de Jonathan Franzen. O ardor da escrita contamina o
leitor, que sai chamuscado das escaramuças da família Lambert. Admirador de
Alice Munro, cujo nome defende para o Nobel, Franzen não deixa por menos: expõe
cruamente conflitos e disputas familiares, detalhando obras e pensamentos,
extraindo de cada passagem tudo que ela pode oferecer em movimentação e
humanidade. E um grande romance como esse só pode ter como autor alguém que
domina a arte de “como ficar sozinho".
AS CORREÇÕES – Jonathan Franzen, tradução de Sérgio Flaksman, Companhia
das Letras, 2011. Comentário publicado originalmente na revista eletrônica Verbo21 (www.verbo21.com.br), na coluna Crítica Rasteira., edição de dezembro 2012.
Imagem: Bol Fotos
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