VERÃO
Vivo na Bahia, mas não vivo a Bahia.
Sou o derrotado.
Ninguém se importa mais com meus despojos.
Poucos sabem, mas sou da Resistência.
Nem mesmo a Resistência sabe que é.
Perder a memória dos cacos, ter o objeto quebrado em mente.
Provar diariamente a dor periférica, a que não mata mas aleija.
O que decidem por aí não me afeta, eu fui.
O verão não me representa, embora prefira o calor.
Podem me recadastrar à vontade, não largo o livro.
Vivo na Bahia, mas a Bahia não vivo.
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