quinta-feira, 26 de junho de 2014
A LITERATURA E SEUS AGENTES
Esteve em Salvador, faz um tempo, uma agente literária que, em palestra, admitiu a busca dos editores, e do mercado editorial, por escritoras jovens.
Sim, o critério principal deixou de ser o valor literário dos originais e passou a ser a pessoa que escreve: mulher e jovem, segundo o que ouvimos.
Agora, leio em um texto produzido por outra agente literária que os editores valorizam as relações que o autor tenha no meio literário e entre os críticos universitários para publicá-los.
Parece claro, então, que, além de ser mulher e jovem, é preciso ter boas relações no meio para despertar o interesse para o que se escreve. Isso explica a publicação de livros de autores homens não tão jovens.
Tempos atrás, o fato de se morar fora do eixo Rio-São Paulo era o entrave principal para a publicação de livros de ficção.
Tive meu primeiro romance publicado, em setembro de 2002, oito meses depois de enviar os originais pelos Correios, a partir de uma pequena cidade do interior da Bahia, para uma editora do Rio de Janeiro, onde não conhecia pessoa alguma. Oito anos depois, a mesma editora publicaria meu segundo romance. Talvez por cometer esse equívoco a editora tenha fechado as portas.
Hoje, não tenho o menor ânimo para enviar originais a uma editora do sudeste.
O óbito da literatura tem sido anunciado com frequência por seus principais agentes.
No meu caso, talvez eu tenha morrido para essa tal literatura.
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