domingo, 6 de março de 2016

BRASIL, PAÍS SOMBRIO


   Deitado eternamente na sombra.
   Evita câncer de pele e garante o afago da brisa.
   E nenhuma fotografia sai boa o bastante.
   A mão boba se move impunemente.
   Não se sabe jamais se a direita ou a esquerda.
   Nem se à direita ou à esquerda.
   Intenções nascem, crescem e morrem sem dar frutos.
   Prolifera apenas o sombreamento.
   Tudo muito quieto, o barulho fica do lado de fora, ao sol.
   Ninguém sabe bem quem faz o quê, onde e quando.
   Sabe-se muito pouco sempre do passado.
   Vê-se quase nada do presente.
   E o futuro aparece em slogans e frases feitas.
   Da sombra se vem, na sombra se vive e, vez em quando, se morre.
   Quem algo faz pensa fazer outra coisa.
   Quem nada faz desconhece o que na sombra se engendra.
   Na sombra reside o melhor filtro solar.
   Sair da sombra não se cogita.
   Na penumbra, in dubio, safado.
   Por conta alheia, res publica.
   A verdade não passa de um lusco-fusco, de um fio.
   Tudo o mais, sombrio.
 
  
  

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