sexta-feira, 22 de abril de 2016
COTIDIANO II
Abro pastas e leio antigos textos
manuscritos, datilografados,
impressos em formulário contínuo por uma Olívia
que ganhei certo dia num sorteio de congresso.
Abro cadernos e leio antigos textos
de candidez extemporânea,
de lirismo rasgado e grafia trêmula,
que um dia pensei publicar e fazer sucesso.
Abro um arquivo recente e leio
o que penso ser um texto novo,
e por ali me perco em ânsia e desejo
por um desfecho qualquer; me estresso
e o arquivo fecho, tenso e desolado,
e deixo o ponteiro girar em silêncio.
Nalgum recanto de memória e lixo
haverá um fio de história e veneno
a experimentar.
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