terça-feira, 5 de junho de 2018

FUTEBOL E AMIZADE



   Então é Natal, cantaria Simone, que já bateu bem uma bola de basquete. 
   Fato é que, então, é Copa do Mundo. E na Rússia, lá onde a razão perdeu as chuteiras.
   Mas, antes, dois espantos: a final da Champions League, uma partida vencida pela truculência de um zagueiro, que merecia encontrar um seu avatar pelo caminho. Sérgio Ramos ganhou o título para o Real, sozinho, ao tirar Salah da partida e o goleiro Karius de órbita. Um plano perfeito. O resto foi consequência natural, hoje sabemos. Sérgio Ramos, anotem esse nome para quando chegar a hora.
    O outro espanto sempre me vem quando alguém cobra um lateral. Por quantas vezes durante uma partida a cobrança de lateral altera seu rumo? Sim, todo chute e cabeceio também possuem esse condão, mas o lateral é tão trivial, tão inofensivo, apenas uma reposição de bola em jogo, mas aí o sujeito resolve fazer algo diferente... e a partida toma um rumo inesperado. Acho que é trauma daquele gol do Botafogo contra o Vasco.
    Mas, então é Copa do Mundo. E lá vamos nós, meio sem graça, quase por obrigação.
     Thiago Silva como titular, pra mim, equivale a túmulo aberto, pago, com lápide aguardando a data precisa. "Ele quase morreu de tuberculose na Rússia; quem sabe, essa é chance de redenção", garanto que ouvi esse argumento estapafúrdio. No mais, sinto cheiro de tudo no ar. Vou torcer para a Islândia e pelo Egito, se Salah jogar. Quando o Brasil entrar em campo, sei que não tenho como fugir: vou ficar puto com o ramerrão dos passes infindáveis, com os escorregões da defesa e com a chicana do ataque. Ou seja, vou me retar com um tal cai-cai.
    Aí vem um amigo e me envia um video em que uma moça tenta evangelizar um pessoal de amarelinha sobre a situação do país etc etc etc e que assim não dá para torcer pela seleção etc etc etc. Rapaz, querem reviver o clima da Copa de 70. Torcer pela seleção é não se importar com a situação do país, quem torce é alienado etc etc etc. Bem, a amizade entrou aqui para dizer, por fim, que a gente tem que se esforçar pra respirar, mesmo sem problemas respiratórios. De qualquer forma, vou ver sozinho as primeiras semanas da Copa, ao que tudo indica.
     Claro que eu não lembrei ao amigo evangelizador que na Copa de 14, ano de reeleição da presidenta, no Brasil efervescente, o tal video teria sido obra de emplumados. Não, não lembrei, melhor a amizade.

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