sexta-feira, 18 de janeiro de 2019
RITOS, de NICANOR PARRA
Cada vez que regresso
A meu país
depois de uma longa viagem
A primeira coisa que faço
É perguntar pelos que morreram:
Todo homem é um herói
Pelo simples fato de morrer
E os heróis são nossos mestres.
E em segundo lugar
pelos feridos.
Só depois
não antes de cumprir
Este pequeno rito funerário
Me considero com direito à vida:
Fecho os olhos para ver melhor
E canto com rancor
Uma canção do começo do século.
Ritos, de Nicanor Parra, extraído de Para maiores de cem anos, antologia (anti)poética com seleção e tradução de Joana Barossi e Cide Piquet, publicada em edição bilingue pela Editora 34, em 2018.
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