Meu exemplar tem outra capa, edição econômica. Talvez pese menos, ou mais, por conta do papel utilizado. Mas rende boa leitura, de qualquer modo. O jornal francês Libération, o Libé, saúda "Liberdade" como "verdadeiro romance do século XXI, um dos primeiros". E eu digo que foi um dos melhores que li nos últimos anos, à altura de "O museu da inocência", do Orhan Pamuk.
Franzen centra sua narrativa na formação e posterior desagregação de uma família mediana norte-americana. Não há muito mais que dizer, depois dessa frase. Só mesmo lendo o livro, para aproveitar os mergulhos quase incontroláveis que o autor permite aos personagens em seu cotidiano. O desdobramento das atitudes, no maior número de planos possível (interior, com o outro amante, amicial, familiar, social, laborativo, artístico), como se o ser humano contemporâneo lutasse permanentemente para escapar de jaulas, zoológicos, áreas de proteção ambiental cada vez mais frágeis. Estertores familiares, amorosos e ideológicos; tentativas de empreendedorismo juvenil, sexo com amor, diversão e ódio dominador, a vida como os volteios de um florete, prestes a nos atingir o peito. A traição sonhada e praticada, em vias múltiplas, no mais das vezes sem um sentido claro.
Fuga e posse. Diante delas, o que seria a liberdade? Franzen elogia Alice Munro por não desistir nunca das possibilidades de uma cena, de esticar a narrativa a não mais poder, de tensionar ao máximo os movimentos do personagem - e recomenda isso aos prosadores, praticando, por sua parte, com mestria. Gostei muito de ler este romance do Franzen.
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