domingo, 5 de agosto de 2012

NEOCORSÁRIO


 https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgknV3sezigGGtfQYffRNe7yYZgEq0I3O0Xi0FX4pWFibpG9RT4MThLkSzU1vYh_71a_xwK8XL-8xaWnOf4PJdt3JdHHEfEvKSktZVj_qaUp9VIDfWhsYRWpMZtquXVbtjUDDRKWGjWStgS/s400/mareluamy4.jpg

UM

O homem que lê contempla o mar.
Do alto da torre em que mora.
Enquanto afaga seu barril de amontilado.
O mar, matéria por demais agitada, entontece.
O homem que lê o conhece bem.
Prefere o mar que tem aberto no colo.
Encadernado.
Onde costumeiramente mergulha.
Sua face de todos oculta.
E nada.
E nada.

DOIS

O homem que lê admira o mar.
Do alto de sua torre.
A agitada cabeleira de amazona a tocar a praia.
Os tesouros perdidos nos corais e abismos.
Presas e esporões de monstros em caça.
Superfície e profundeza terríveis, femininas.
O homem que lê fecha a janela, cerra cortinas.
O mar é mulher, murmura.
Protegido, enfim.




Imagem: Bol Fotos, anhelosdemar.blogspot.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário