domingo, 4 de agosto de 2013

CENA DE RUA, OUTRA


Noite.
Uma adolescente miúda corre pela calçada até um automóvel estacionado.
Entra no carro pela porta traseira.
Surge uma mulher que a perseguía pela calçada.
Essa mulher posta-se em frente ao Fiesta branco de vidros escuros.
A pessoa ao volante tenta arrancar.
A mulher firma as duas mãos no capô do Fiesta.
A pessoa ao volante acelera e freia em seguida, o carro parece um touro a preparar o ataque na arena.
A mulher é empurrada de costas pelos arrancos do Fiesta mas mantém-se firme.
Grita: - Você não vai! - Você não vai!
Escora o carro com as mãos, em desespero, enquanto grita.
A adolescente está no banco de trás, não se ouve a voz dela; a pessoa ao volante segue a acelerar e freiar; a mulher repete sua frase essencial enquanto é empurrada de costas pela rua.
O motor do carro fala pelas pessoas dentro dele.
Ouve-se então outro grito de mulher, vindo de uma janela do edifício em frente:
- Deixa ela ir! - Deixa ela ir!
A mulher então desiste, sai de lado e o Fiesta parte à toda rua abaixo.
Entramos, enfim, em casa, o ruído do carro a se perder distante.
Nossos corações batendo alto.
Noite de sábado em Salvador, numa rua da Pituba.

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