domingo, 15 de dezembro de 2013

AFFONSO MANTA - AS PALAVRAS QUE ELA NÃO ME DISSE


SONETO DOIS

Os campos, os vergéis estão florindo.
Eis que já vem o tempo das colheitas.
Enquanto é claro o sol, vê se me deitas
No leito sensual do amor infindo.

Na campina, no alto da colina,
No canteiro das rosas cor-de-rosa,
No tapete de sala adamantina,
Na cama confortável e cheirosa.

Deita-me onde for doce me deitar:
Num lugar precioso, num lugar
Onde a beleza, onde o alvorecer.

Deita-me e deita no meu céu macio,
Como quem deita sobre a paz do rio,
Como quem deita sobre o próprio ser.


Uma poesia de beleza furiosa, de explosões líricas impressionantes, de alto valor universal. Affonso Manta tem, enfim, sua "Antologia Poética", organizada por Ruy Espinheira Filho, lançada pela coleção "Mestres da literatura baiana", sob o patrocínio da Academia de Letras da Bahia e da Assembleia Legislativa da Bahia. O lançamento aconteceu no dia 28 de novembro passado, no dia daquela tempestade que alagou a cidade. Mesmo assim fui lá e tenho aqui o meu exemplar, que me permite oferecer a vocês uma amostra da poesia superlativa de Affonso Manta, nascido em Salvador, no ano de 1939, e falecido em Poções/BA, em 2003.

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