Ontem à tarde, no Centro Cultural dos Correios, de lado pra igreja de São Francisco, no centro histórico de Salvador, e ao lado de Antonio Torres, Myriam Fraga e Dênisson Padilha Filho, falamos de literatura, nossa e dos outros, e de Jorge Amado, em especial.
Conto o que tenho contado: entrei no ginásio aos 11 anos e já era um leitor compulsivo, apaixonado pela literatura e tudo o mais que pudesse ler. Minha professora de português, Vitória Rodrigues, me franqueou o acesso aos livros de Jorge Amado. Então, li, reli, treli, tudo que Jorge havia publicado até então. Depois viria toda obra de José Mauro de Vasconcelos e de Monteiro Lobato (que esqueci de citar, ontem). Pouco compreendi do que li à época, em particular dos livros que Jorge escreveu sob o peso ideológico. Mas isso não importa. O que ficou foi a emoção das leituras, dos mundos revelados, das possibilidades do fazer humano até então desconhecidas de minha miudeza de gente.
Disse mais: que depois de tanta leitura, a gente forma um grupo de amigos escritores, se filia a esse grupo por valorar o trabalho desses autores e que, ao me tornar também autor, procuro defender os princípios desses meus amigos, adotando assim o entendimento do escritor norte-americano Jonathan Franzen, em oposição aos dos meus inimigos (aqueles autores de uma literatura a que não concedo valor). E que Jorge Amado é um desses meus amigos mais queridos por ter sido o primeiro autor em cuja obra mergulhei várias vezes. Ainda, que absorvi dele bens preciosos: a compaixão pelo povo e o amor por sua terra. Em minha literatura procuro dar conta disso, não sei se consigo fazer bem ou à altura desses meus amigos. Mas me esforço. Foi uma bela tarde, um ótimo encontro, um prosa daquelas merecedoras de um bom vinho tinto.
Imagem: Carlos Eugênio Junqueira Ayres
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