Leio no rompante um livro como esse do Klíma, que postei abaixo. Narrado em primeira pessoa por algumas vozes, conhecemos a vida de uma dentista em Praga, divorciada de um marido que não esquece, com uma filha adolescente envolvida com drogas, um pai ligado ao terror comunista recém-falecido, uma irmã distante e uma mãe de repente solitária. E a vida hoje na República Tcheca, pós-imperialismo soviético. Claro que o mundo da dentista, já abalado por uma indisposição à vida, sofre uma mexida com a presença de um jovem ex-aluno do ex-marido, com que passa a se relacionar amorosamente. Bem, o resto é o prazer de acompanhar as diferentes vozes narrando seus encontros e desencontros. E com o brilhantismo de um romancista completo, essas vozes seduzem por suas marcações próprias, seus olhares e interpretações exclusivas, num trabalho de linguagem que reputo como impecável, no que estou a elogiar a tradução.
Tenho mais uns livros com marcadores ao meio: "Árvore de fumaça", de Denis Johnson, "Diego e Frida", do Le Clézio, que não consegui concluir por mero desencontro físico, "Babilônia", de Ruy Espinheira Filho, que exige sempre leituras muitas, a antologia de Sosígenes Costa, e duas preciosidades que ainda não abri: o último volume da tetralogia napolitana de Elena Ferrante e "Romancista como vocação", do Murakami. Tudo isso por aqui, em algum lugar. Ou no banco de trás do carro.
E a vida? Ah, esta escorre às vezes para o bueiro, outras para um lago tépido ou mar revolto. Deixei de cuidar do rumo, mas ainda lembro que para esquecer que ela se parece mais com enxurrada, leio sempre, em qualquer lugar, os mais diversos livros que consigo alcançar.
Claro que descanso de minhas leituras lendo a Bíblia para minha filha. Isso, até o novo livro da Larissa Manoela... bem, melhor não adiantar o cortejo.
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