domingo, 15 de abril de 2018

CIDA FERNANDES - QUANTA CIDA CENTELHA


  Em arrumações, topo com uma folha A4 de há muito perdida. "Quanta Cida centelha" é o título do texto. Um prefácio, ou apresentação, que escrevi para um livro de poemas de minha amiga Cida Fernandes, poeta diamantina, que tão cedo deixou de versejar. Não tenho mais esse arquivo word, não lembro mais o título do livro de Cida, não sei se o livro foi publicado depois de sua precoce partida. Por isso, ainda emocionado com esse encontro, registro aqui o que um dia escrevi:

QUANTA CIDA CENTELHA

   Há rima fácil para Cida. Mas o que é fácil pra nada serve.
   O que serve pra Cida, tocar estrelas, pode parecer tarefa pra gigantes. E é. Cida Fernandes é pessoa que passa ao largo das facilidades e se agiganta mais ainda quando se recolhe.
 Pois Cida não fica em encolhas: mete-se em preparos cuidadosos, em observações miúdas, em lavouras cristalinas. Cida poeta zelos como quem apara unhas-de-gato.
  Cida Fernandes caminha desde sempre para o mais lírico que há num pé-de-serra. Uma rampa verde que pega sombra de tarde.
  O lugar dessa poeta, aquele recanto que constrói com versos, se esparrama em prata e jasmim, indiscutivelmente diamantinas, a poeta e sua poesia. 
  Este livro granulado o leitor pode abrir feito quem espia pela janela uma noite enluarada. Há o que se banha em luz lá fora, há o que se desenha luminoso na escuridão interior. Assim a poeta nos revela seu olhar. Assim nosso olhar pode sondar suas belezas.
  Cida Fernandes centelha em versos o que há de grandioso nas minigâncias, naquilo que compete aos poetas revelar. Mais que sonhar, Cida ousa tocar estrelas com seus poemas.
 E o leitor, antes de fechar a janela, saberá quanta Cida centelha.

  

Nenhum comentário:

Postar um comentário