terça-feira, 3 de abril de 2018

JANE AUSTEN



   Lendo mais uma vez "O livro dos livros perdidos", de Stuart Kelly, publicado aqui pela Record, em 2007, topo com um trecho de carta de Jane Austen em resposta a um pároco a serviço da realeza, que lhe sugeriu enredos para romances. Sinto-me confortado com esses episódios, pois sou dos que entendem que o escritor deve enfrentar seus temas, seus demônios, suas fraquezas da melhor forma que conseguir, sem concessões. Aí está:

  "Você é muito, muito gentil em suas sugestões para o tipo de composição que poderia me valorizar no momento, & estou totalmento consciente de que um romance histórico baseado na Casa de Saxe-Coburgo poderia valer mais para o propósito de lucro e popularidade do que as cenas da vida doméstica em cidades do interior como as de que trato, mas não poderia escrever um tal romance mais que um poema épico. Não poderia sentar-me seriamente para escrever um romance sério por qualquer outro motivo que não fosse o de salvar minha vida & se fosse indispensável realizá-lo, & nunca relaxar e rir de mim mesma ou de outras pessoas, tenho a certeza de que seria enforcada antes de terminar o primeiro capítulo. Não, devo manter meu próprio estilo & continuar à minha própria maneira."

   Manter o próprio estilo, continuar à sua própria maneira. Que os outros façam o mesmo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário