segunda-feira, 26 de julho de 2010

NUVEM DE SEDA



Paira sobre mim uma nuvem de seda. Parte dela enrosca-se em meu corpo, a tremeluzir. E muito mais de nuvem se espalha em meus olhos, em minhas mãos. Montes de seda rósea, frementes, evoluem vagarosos quanto toco seus cumes. E outros volumes sedosos se roçam e drapejam, feito estandartes de clãs japoneses em filme de Kurosawa. Um festival de cores macias, suculentas e ariscas. Pressinto raios e trovões em seu bojo, nas densidades mais rubras e violáceas dessa nuvem. O que de mim resta lúcido escorrega por dentro dela, para chover junto e profundo, como se o mundo todo fosse um imenso casulo.



Imagem: www.flickr.com, por Jaci XII

5 comentários:

  1. Fluidias fotos dentro dum sem fim de cenas.

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  2. Mas a nuvem já trazia o que era um sonho, a lucidez se desfazia pouco a pouco dentro desse sonho.
    Ih, viagem!

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  3. Profundamente sensual. Bonito de ler.

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  4. Carlos, sobre A Enchente, eu, como leitora, tenho a ousadia de lhe dizer: pra mim não é miniconto, é poema. Sabe quando um texto cala fundo em você? Foi assim que A Enchente me inundou.
    Um abraço,
    Martha

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