Dona Celinha passa a manhã inteira na clínica de fisioterapia.
– Eu gosto daqui, meu filho!
A filha vem buscá-la para o almoço.
Até lá, curte sessões de RPG, de ultrassom e assemelhados ou de hidroterapia, a depender do cartãozinho.
Entre coisa e outra, conversa entusiasmada com quem estiver na sala de espera.
Dona Celinha anda perto dos oitenta, sem dúvida.
Então, vejo-a sair emburrada do consultório do fisioterapeuta-chefe.
– Ele não quer que eu faça a cirurgia! - anuncia.
E de pé, no meio da sala, descasca:
– O que me incomoda é esta coluna, dói demais. Eu quero fazer a cirurgia e ele não recomenda, não quer de jeito nenhum!.
Endireita-se, olha em volta, repete o salmo e depois de ter a certeza da atenção dos presentes, arremata:
– Ora, eu não vou viver minha vida assim!
E se acomoda cuidadosa em uma cadeira, para esperar a filha.
Tudo depende do nosso olhar. Invejável, o texto e Dona Celinha, claro! Bjs
ResponderExcluirDona Celinha é um exemplo de amor a vida e o seu texto, amado, tão leve, tão cativante. Beleza pura. Bjasmovc
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