sábado, 21 de dezembro de 2013

SALVADOR, ZONA AZUL (VIII)

Saudades da Vila Laura. O custo de vida na Pituba, a três km de distância, supera os 300% em muitos casos.

Ontem, no fim de linha da Pituba: encosto o carro no meio-fio, de olho nos balaios de umbu. O vendedor corre pra cima.
- Tá quanto o litro?
- O freguês quer dos graúdos ou dos mais graúdos?
- Não sei, parece o mesmo.
- Né não, freguês, olha só esses aqui - e mete a mão no balaio.
- Ta quanto o litro?
- Desses aqui, oito reais.
Reajo com a boca aberta e menear negativo de cabeça.
- Diga, freguês, desses ou desses aqui, a gente vê.
- Não, não, deixa pra lá.
- Faço a seis, freguês.
- Não, não, esquece - e começo a acelerar. Mas ouço, ainda:
- Faço a cinco, freguês.
Aí é que não quero mesmo. Acelero, puto da vida, lembrando do meu tempo de menino, sacola de pano pendurada no ombro, quicé na mão e uma porção de sal enrolada num papelzinho, a catar umbu no mato. Merda de cidade grande.
Hoje, minha secretária periódica do lar me diz que na feirinha de Cosme de Farias, vizinha da minha Vila Laura, o litro do umbu é vendido a dois reais. Dois reais, a três km de distância, na mesma Salvador.

2 comentários:

  1. Pois é, Carlos, cada quilômetro dois reais. E umbu, que dá no mato. Abraço!

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  2. Não esqueça de mim, quando pedir a Nívea para comprar. Rs.

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