sábado, 9 de maio de 2015

SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN


DATA
      
         (à maneira d'Eustache Deschamps)


Tempo de solidão e de incerteza
Tempo de medo e tempo de traição
Tempo de injustiça e de vileza
Tempo de negação

Tempo de covardia e tempo de ira
Tempo de mascarada e de mentira
Tempo que mata quem o denuncia
Tempo de escravidão

Tempo dos coniventes sem cadastro
Tempo de silêncio e de mordaça
Tempo onde o sangue não tem rasto
Tempo de ameaça



A propósito do nosso tempo, este poema da estupenda poeta portuguesa Sophia de Mello Breyner Andresen, extraído de "Poemas Escolhidos", editado aqui pela Cia das Letras, em 2004.

Nenhum comentário:

Postar um comentário