sexta-feira, 30 de outubro de 2015

SONETO DAS MOÇAS DE ANTIGAMENTE



Elas eram bonitas de doer.
À tarde passeavam no jardim.
Cintilavam nas festas e em mim,
que as sofria até quase morrer.

Elas eram bonitas de fazer
chorar o coração... E sempre em mim
davam bailes cruéis. Eram assim,
e eu nunca me furtava a esse sofrer

por seus olhos, seus rostos, seus joelhos,
que mágicos tornavam os espelhos
todos. Eram assim. E eis que esse encanto

persiste. E eu agradeço, ainda encantado,
por lhes dever, antes e agora, o fado
de ser feliz por ter sofrido tanto.


Extraído do novo livro de poemas de Ruy Espinheira Filho, Noite Alta, editora Patuá, SP, 2015.

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