quinta-feira, 5 de novembro de 2015
ELES SE ATIRAM AO MAR
eles se atiram ao mar
num reverso de parto
atravessam essas águas
afundam nessas ondas
morrem naquelas praias
somem noutras espumas
eles buscam novo porto
com mulheres e filhos
e a mão pesada de deus
a desapontar rumos
se atiram ao mar antigo
para viver antigas penas
carne entre espadas
grãos na moenda
números na tevê
irmãos retirantes
ao mar se atiram
porque atiram neles
- via cruciante
e do mar se retiram
errantes e estropiados
e do mar são retirados,
os que não mais respiram
e no já velho mundo
correntes se tornam
de um outro mar revolto:
sangue, suor e luto
que entornam certezas
e rasgam fronteiras
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