quinta-feira, 16 de junho de 2016

POEMA DO NOME


quando eu nasci, 
lá foi meu pai montado a cavalo
com um nome no bolso guardado
me incluir na saga dos desvalidos

como feito a mais de 150 mil outros meninos naquela década

em 1930 somamos uns 10 mil aos raros Carlos da terrinha
em 1940 acrescentou-se uma fornada de mais 50 mil
eu mal aprendera a caminhar em 1960 
e aquela jovem guarda despejava 270 mil Carlos no Brasil

nos anos 1970 a turma de Carlos se fez um pouco menor:
260 mil, por aí
nos 80 voltou-se ao arrebanhado nos 60
para despencar nossa produção a uns
200 mil na década seguinte
e adentrar o novo século, enfim,
numa reação espetacular,
juntando mais 260 mil Carlinhos 
aos que aqui pelejavam

e dizem que agora somos quase um milhão e meio de Carlos
identificados pelo IBGE
a respirar brasilidades

gostam mais de Carlos em São Paulo: 327 mil
no Rio de Janeiro fazemos sucesso: 190 mil
em Minas Gerais, terra do mais famoso Carlos, muito nos apreciam: 153 mil
para em seguida, vejam vocês, vir a Bahia: 98 mil

mas onde em proporção há mais Carlos, pasmem,
é entre os cariocas, sergipanos, maranhenses e capixabas,
o que significa absolutamente nada

e eu, que venho de longe sendo Carlos, a tudo isso desconhecia
na minha vã trapalhada em superar minha agonia 

mas sei que não importa o cantar da gia
nem ser o quinto em popularidade
nem quantos Carlos há nesta cidade
sigo a sina que me deram um dia;

jamais largar a oportunidade
de em tudo na vida fracassar




Nenhum comentário:

Postar um comentário