ELIESER CESAR LANÇA “CIRANDA DE MARIA
CECÍLIA”
O escritor e jornalista Elieser Cesar, um
dos integrantes do saudoso Grupo Hera, lança o seu segundo livro de poesia, Ciranda
de Maria Cecília, no próximo dia 22 de março, a partir das 17 horas, no Bar
e Restaurante do Edinho, no Mercado do Rio Vermelho (antiga Ceasinha da
Chapada), em Salvador. Publicado pelo selo Candeeiro, da editora Penalux/SP, Ciranda
de Maria Cecília reúne poemas escritos nas últimas duas décadas.
Elieser Cesar explica que o título do
livro é uma homenagem à filha dele, Maria Cecília, de 8 anos de idade. “Como eu
já havia homenageado meu outro filho, Fernando, em Os Cadernos de Fernando
Infante, resolvi também homenagear Maria Cecília. Para não haver queixa em
casa”, brinca o autor. Para o poeta, isso não significa que se trate de um livro
para criança, embora existam poemas que podem ser facilmente compreendidos por
muitas crianças e adolescentes. “Há, de fato, versos com uma leveza diáfana,
como o poema que dá título ao livro, mas também muitos outros densos e mais
profundos, por tratar da condição humana, com toda sua carga de precariedade,
incerteza e contingente transitoriedade”, esclarece.
Em Ciranda de Maria Cecília, o poeta transita de uma leveza alada ao peso
estoico da morte. Leveza refletida nas coisas simples da vida, bem simples,
como um passarinho flagrado ao entrar no ninho no começo da manhã: “Mas que
manhã!”. Peso que aponta para a vida sem mistificação e ferida de morte, como
no verso: “A morte fecha os evangelhos!”. Luis Pimentel, escritor e jornalista
baiano, radicado no Rio de Janeiro, afirma, no prefácio, ter encontrado em Ciranda
de Maria Cecília “o que mais persigo: a busca pelas 'coisas simples da vida'
(Como um passarinho / entrando no ninho / no começo da manhã). Só isso. Para o
poeta, 'uma besteirinha'. Para mim, o enigma singelo de seus versos.”
Elieser Cesar ganhou mais de dez prêmios
de reportagem atuando como jornalista. E publicou livros de prosa, dentre eles A
Garota do Outdoor (contos), A Guerreira da Lapinha (novela), e O
Romance dos Excluídos – Terra e Política em Euclides Neto (ensaio, fruto de
sua tese de mestrado, no Instituto de Letras da Universidade Federal da Bahia.
Participou de antologias e coletâneas, como As Baianas e 82: Uma Copa
, Quinze Histórias, ambas publicadas pela editora Casarão do Verbo, e de A
Poesia Baiana no Século XX, antologia organizada por Assis Brasil e
publicada em 1999. Em 2013, venceu o Prêmio Damário Dacruz de Poesia,
instituído pela Fundação Pedro Calmon (Secult-BA).
FOTOGRAFIA
I
Vejo-me numa fotografia antiga.
Meu pai,
minha mãe,
meus irmãos,
e uma infância,
calma, tranquila,
sem ânsia.
Meu pai,
minha mãe,
meus irmãos,
e uma infância,
calma, tranquila,
sem ânsia.
Ó, mundo, sopro abstrato!
Já não sei se vivi,
ou se sonhei,
esse retrato.
Já não sei se vivi,
ou se sonhei,
esse retrato.
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