sexta-feira, 23 de março de 2018
NO CAMINHO DOS SESSENTA
Fui o cara das respostas,
agora só pergunto.
Eu me perco no varejo
e me acabo no abstunto.
Manquitolo, manco e tolo,
em veredas comerciais.
Não me reconheço mais
no meu basto miolo.
O quê???, já não escuto
meus próprios uis e ais.
Encontra-se embaçado,
meu olhar fino e arguto
Tudo já me é passado,
antes mesmo de enxuto.
Me canso de ficar puto,
não sonho de estressado.
Refaço o que já fiz
mil vezes sem conta,
por não lembrar do caldo
que mastiguei na janta.
E assim se me apresenta
a estrada dos sessenta,
sem margens, reta, ampla.
O pouco que acrescenta,
assusta e me espanca:
sou eu quem por ela avança
ou em mim essa estrada,
devagar, desanda?
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Pleno de melancolia e desesperança. Mas muito belo.
ResponderExcluir