Ontem, 24 de setembro, fez 49 anos que meu irmão Antonio Nelson morreu.
Desde o domingo, 23, que tenho dele me lembrado. O acidente que o vitimou aconteceu na noite anterior à sua morte.
Tudo na frase inicial me causa espanto: o tempo que passou, o irmão, o nome, a morte.
Quase cinco décadas... guardo uma lembrança de nós dois, juntos, no meio da noite "assistindo" pelas ondas do rádio ao milésimo gol de Pelé. Mas é falsa. Ele morreu dois meses antes daquele Vasco x Santos. Que partida terá sido a que assistimos, então? Talvez eu venha a me lembrar no "memento mori", ou dia desses, vendo uma foto de uma célula, lendo um artigo sobre o planeta Vulcano.
O irmão que era meu ídolo e de quem só levei cascudo e taponas... Mas que fazia meu coração bater forte com cada estrepolia cometida, dentro e fora do campo de futebol. Um artista em estado bruto, a soltar chispas no deserto.
O nome sobrevive na lápide e numa rua da cidade. Quase escrevi "cidade natal", mas meu irmão nasceu em São Paulo, no bairro da Lapa, acredito eu. O nome do pai e do avô materno. Um composto familiar que não resistiu a si mesmo.
A morte, mais que inesperada, aos 15 anos incompletos, resultou sendo a partida que sempre desejou: "um dia vou-me embora daqui". Até hoje não foi, de verdade.
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