"A literatura passou a desandar depois que os autores passaram a ser vistos", disse na Flip o Enrique Vila-Matas, escritor espanhol, autor do excepcional "Dublinesca". (Leiam mais a respeito no blogue "Livros etc", link ao lado).
O show da vida. Tudo virou show: do intervalo das transmissões esportivas a uma falação de escritor. Dizem agora que o escritor precisa ser midiático, ou seja, um artista capaz de atuações em palcos e estúdios de tevês, capaz de agradar pessoalmente, de ser simpatiquinho.
Largo aqui o tema para meditação. E dou meu pitaco, claro.
Cada um faz da sua vida o que bem entender, o que achar melhor pra si, premissas básicas.
Cada um faz da sua vida o que bem entender, o que achar melhor pra si, premissas básicas.
Eu penso que importo muito pouco. Gostaria que a literatura que produzo importasse alguma coisa para alguns e para a entidade "literatura brasileira". Gostaria.
Mas parece viger a regra que impõe a necessidade de o escritor "aparecer" para que seus livros possam ter mercado. E ter mercado parece, também, passou a ser tudo que importa. Profissionalismo.
Mas parece viger a regra que impõe a necessidade de o escritor "aparecer" para que seus livros possam ter mercado. E ter mercado parece, também, passou a ser tudo que importa. Profissionalismo.
Não sou um escritor profissional, não quero ser um a lutar por espaço no mercado. Estou em minha literatura, mas não sou a literatura que produzo. Sou dos que preferem viver quieto em sua loca.
Tenho dito, sem nenhum laivo de rispidez, que a um convite para falar a alunos de Letras (que nunca leram nada que eu tenha escrito) prefiro que o professor adote um texto meu em sala de aula. E ouço, aqui e ali, que, se eu falar aos alunos, meus livros serão por eles lidos.
Tenho dito, sem nenhum laivo de rispidez, que a um convite para falar a alunos de Letras (que nunca leram nada que eu tenha escrito) prefiro que o professor adote um texto meu em sala de aula. E ouço, aqui e ali, que, se eu falar aos alunos, meus livros serão por eles lidos.
Duvido, em letras garrafais.
À literatura vai aquele que a ama.
Para escrever bons livros, não me parece necessário ser bom ator. E é só isso que gostaria de fazer: escrever bons livros.
Mas, ao que tudo indica, eu me equivoco sobre o tema. O Vila-Matas deu seu show na Flip.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluir"A literatura passou a desandar depois que os autores passaram a ser vistos"...
ResponderExcluirEu concordo plenamente. É a era do show midiático. E não só na área literária, mas em tudo.
Coincidentemente fiz essa “meditação” há poucos dias lendo a crônica de Gilda E. Kluppel - "As lições de um vampiro" www.partes.com.br(Uma revista virtual do amigo do seu primo, Arilton). Gostei muito da crônica e até compartilhei no face.
Eu apenas tenho a missão de despertar o interesse e o gosto pelo mundo mágico das palavras – na “leitura das palavras” e na “leitura de mundo”; mas se fosse escritora, seria uma “vampira”, com certeza.