domingo, 18 de novembro de 2012

FEROCIDADE


Alguma coisa há de aterradora na atitude dos cães. 
Não uivam mais para a lua. Não latem quando diante deles os carros zunem. (Latem agora apenas para seus iguais.) Não se ouve mais ganidos nos becos ou quintais. Rosnam pelas calçadas, alguns. Uns outros, arfam desencontrados pelas ruas. 
Alguma coisa há de aterradora no silêncio dos cães.
Perambulam. Observam. Fuçam. Parecem fazer um cerco proposital aos parques e jardins. Ignoram assovios e palmas. Prosseguem focinhando o tempo. 
Alguma coisa de humano excede nos cães.




Imagem: Bol Fotos

3 comentários:

  1. Sem dúvida nesse silêncio há algo fora da nossa compreensão.
    Talvez humanidade.
    Talvez desprezo por ela.
    Não sei.
    Sei que adorei o conto :)

    beijoss

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  2. Apois, Amada e Bípede, fiquei com isso me aporrinhando depois que li o novo romance do Daniel Galera, onde pontua uma cadela à altura de Baleia, a Beta. Grato pela leitura (carlos barbosa)

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