Há, neste mundo,
quem queira ter filhos. E quem clame por um pai ou mãe ou substitutos. Há
carência amorosa e de cuidados na aldeia global. E há quem “pensava que quando
se sonha tão grande a realidade aprende”. E assim as histórias se contam aos
montes e trasmontanamente. Poucos, porém, com o talento de Hugo Mãe. Depois de
“A máquina de fazer espanhóis”, não causa surpresa a costura narrativa desse
novo romance. Nada de intrincado, apenas respeitoso com a carga de carências de
cada personagem, com a inteligência do leitor. Na beira do mar os elementos
primordiais se encontram. Os restos de naufrágios, também. Um pescador
solitário, uma anã grávida de quinze homens, um órfão, uma galinha gigante, um
homem maricas, uma mulher sem valia de virgindade, aos poucos e por partes, podem
formar uma família, um desmesurado barco para a tormentosa vida. A realidade assim
ensina.
Esse comentário sobre O FILHO DE MIL HOMENS, de autoria do escritor angolano/português Valter Hugo Mãe, publicado pela CosacNaify, em 2011, está na edição de fevereiro da revista eletrônica Verbo21 (verbo21.com.br), na coluna Crítica Rasteira.
Imagem: Bol Fotos.
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