domingo, 24 de março de 2013

FACE


grita meu sangue na tarde
cosmopolita
ninguém responde
apenas cantam pneus
no cruzamento da avenida

minha filha doma o tempo
a cada presente que abre
na noite morna
minha filha sabe o que vero importa

quando menos se espera
tudo simplesmente prossegue 

amanhã abrirei meu coração
a uma estranha e fria máquina
talvez disso resulte
um tardio pedido de casamento

grita meu sangue na soturna vigília
tenho vinho na taça
e o forno aceso
onde borbulha uma fatia de pizza

jamais possuí uma rima
ou uma quadra solene
certa imagem me persegue:
gotas do meu mijo na face do rio
num festim de peroladas sementes

prosseguirá meu sonho inacabado
amanhã não saberá de hoje
algo que sirva a um brinde
nem que preste a um bocejo de enfado


3 comentários:

  1. Carlos, estou gostando muito dos seus poemas, muito mesmo. Um abraço.

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    1. Fico contente, Lidi, com sua leitura e suas visitas. Abração, (carlos barbosa)

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