quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018
ESTAÇÃO MORTE
Como não crer em Destino, se nos destinamos à morte?
Sabemos disso e agimos costumeiramente como se imortais fôssemos.
Empinamos o nariz, e outras partes, e arrostamos o tempo, heróis de porra nenhuma.
Alimentamos rancores e ódios, cultivamos inimizades, ampliamos distâncias.
Fabricamos couraças de arrogância e medo, crentes numa força que não possuímos.
Fazemos de conta que não há esquinas no mundo.
Então as esquinas se dobram implacáveis sobre nós, ilusionistas de merda.
Construímos casas, compramos carros, vestimos o que de mais caro houver.
Cobrimos nosso "cadáver adiado" num esforço inútil de embelezamento.
E não ouvimos a gargalhada estridente anunciando a estação final.
Jamais ouvimos, não queremos ouvir, crianças imbecis que somos.
Fingimos não saber que a estação final pode ser a próxima.
Nem mesmo aspiramos a condição de Davi perante Golias, somos derrotados de princípio.
Então criamos ficções próprias de imortalidade, alimentando a cegueira dos tontos.
E de repente, não há mais tempo.
Tempo para nada.
Para nenhuma de nossas inutilidades.
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